Produção e Processos Bioindustriais: Estágio em Vinículas

por | set 10, 2014

Hoje temos a oportunidade de conversar com o Arthur Augusto de Oliveira Lobato, graduando de Bioquímica pela UFSJ que nos conta sua experiência de estagiar numa vinícula na Serra Gaúcha.
- (Bioquímica Brasil) Arthur, você poderia nos fazer uma breve descrição da empresa na qual realizou seu estágio, e das atividade que desenvolveu?
(Arthur) O estágio foi realizado em uma vinícola situada na Serra Gaúcha. A vinícola possui uma proposta diferente, buscando a excelência do vinho e a mínima intervenção no processo de produção, como por exemplo, a passagem por barricas de madeira, buscando a identidade da uva. Portanto, o cuidado com as uvas ainda nas parreiras e o manejo do vinho durante a produção requerem atenção redobrada. Durante o estágio pude acompanhar desde o recebimento das uvas até o engarrafamento do vinho. Mesmo com o foco no acompanhamento dos processos fermentativos das diversas vinificações foi possível atuar em outras áreas da empresa como rotulagem, expedição e varejo, para melhor compreensão da empresa como um todo.A indústria de bebidas é uma excelente área de atuação para os bioquímicos, além da aplicação de processos microbiológicos o bioquímico atende a diversos requisitos, tanto na parte das engenharias com operações unitárias, por exemplo, quanto no próprio conteúdo em macromoléculas, que é um diferencial muito importante. Aplica desde técnicas em bioquímica analítica até fitoquímica, fazendo da bioquímica um curso que atende de forma completa esse tipo de indústria.
- Conta pra gente um pouco da sua carreira acadêmica?
No primeiro período do curso ingressei na Iniciação Científica como auxiliar em um projeto relacionado à busca de antitumorais. Em 2010, comecei a trabalhar no laboratório de Neurofisiologia onde fiquei por quatro anos e pude trabalhar com as Epilepsias, na área da eletrofisiologia e cultura de células. Fui membro do Centro Acadêmico do curso de Bioquímica e sou representante discente na Câmara de Pesquisa e Pós Graduação do campus desde 2011.
- A opção por fazer um estágio foi algo que sempre esteve claro para você durante o curso de graduação, ou houve alguma motivação especial para que você tomasse a decisão de fazê-lo?
Na verdade, como existe na UFSJ a oportunidade para que o aluno escolha entre o estágio e a monografia, e pelo fato de eu sempre ter feito iniciação científica durante o curso, me seria mais cômodo optar por fazer a monografia. O entanto, quando fui alcançando o final do curso e as incertezas quanto aos rumos depois de egresso foram aparecendo, entendi que o estágio traria uma experiência a mais para que eu avaliasse.
 - Como surgiu esta oportunidade de estágio relacionado a processo fermentativo?
Aqui no nosso curso, como a grande maioria dos professores vem de uma pós-graduação muito forte (voltada unicamente para a pesquisa), o hábito da escolha, pelo aluno, do estágio como trabalho de conclusão de curso, ainda não é muito comum. No entanto, está aumentando o número de alunos fazendo esta escolha, e os professores responsáveis estão se esforçando na busca de empresas interessadas no convênio com a universidade. Porém, apesar destas ações, o leque disponível de opções ainda é pequeno. Por esta razão, o processo de estágio depende muito do aluno: que ele manifeste o interesse, procure saber sobre as empresas que lhe interessam, entre em contato, mande seu currículo e procure conversar com os responsáveis. Foi o que eu fiz por alguns meses.
- Você pensa que alguma alteração na grade de disciplinas, poderia favorecer a atuação do Bioquímico na área industrial?
Acho que o currículo do curso está bem estruturado. O que em minha opinião deixa a desejar é o oferecimento de disciplinas optativas (na UFSJ). É a oportunidade para que alunos possam escolher em se aprofundar em temas de seu interesse e se direcionarem para uma futura atuação profissional. A forma como estão sendo oferecidas as disciplinas optativas está fugindo dessa proposta e o oferecimento é escasso.
- Com relação a sua experiência, que conselho daria aos futuros Bioquímicos?
O aluno do curso de Bioquímica aprende técnicas muito avançadas em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, bem como na área da bioengenharia. Porém, o aluno deve lembrar que as empresas brasileiras ainda estão caminhando nesse sentido, e que existe uma caminhada profissional árdua após a conclusão do curso. O mercado de trabalho hoje requer mão de obra especializada; e quanto mais especializada é a mão de obra, mais alto o salário e, portanto, mais a empresa exige retorno do funcionário. Não adianta apresentar vários diplomas e certificados se você não mostra um trabalho condizente com sua formação.
O aluno deve estar pronto para enfrentar as mais diversas situações. Situações que julgava que nunca teria que enfrentar por não se tratar da alçada do curso. O profissional de hoje deve ser multifuncional, e o egresso deve estar pronto pra isso. Para se preparar pra essa realidade o aluno deve aproveitar o “abrigo” que a universidade traz e sair da sua zona de conforto. Buscar ser mais participativo e explorar ao máximo todas as possibilidades que a universidade traz. Quanto mais experiências e desafios durante os anos da universidade, mais facilidade para lidar com a realidade do mercado de trabalho. Não adianta esperar que seu diploma vá lhe abrir todas as portas, porque a realidade não é mais assim. Devemos aproveitar as oportunidades sem pensar duas vezes, tudo é experiência.
- Percebe vantagens e/ou desvantagens de se ter a formação superior em Bioquímica para atuação profissional no ramo de negócios em que atuou?
O curso de Bioquímica já trabalha com o perfil interdisciplinar, necessário para atuação nas empresas, desde o começo. Busca formar alunos na interface das tecnologias exatas e biológicas. Devemos aproveitar isso e cada aluno deve procurar um leque ainda maior de habilidades para desenvolver durante o curso. Como eu disse, o bioquímico deve sair um pouco da zona de conforto e começar a explorar áreas diferentes. A universidade consegue nos dar uma noção geral de diversas áreas dentro da Bioquímica, cabe ao aluno explorar ao máximo o que lhe interessa, e às vezes um pouco do que também não lhe agrada tanto, mas sabe-se que é importante. O profissional saber se adaptar e se posicionar sobre diversos temas, é importante para a empresa.

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Bioquímica Brasil

O movimento Bioquímica Brasil foi fundado em 2014 por egressos e estudantes dos cursos de Bioquímica.

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