Protocolo e relatório de validação analítica

por | jul 19, 2020

Uma das premissas das Boas Práticas de Laboratório (BPL) é a validação de métodos analíticos porque um laboratório não deve só simplesmente gerar um resultado analítico e tomar para si como verdade absoluta, qual o embasamento estatístico de confiabilidade que o laboratório tem para garantir que o resultado está correto? Para isso existem os parâmetros de validação analítica, em que, além de essenciais para as BPL também é exigida por órgãos regulatórios como a ANVISA e FDA, para atender aos parâmetros de validação analítica é possível consultar de modo público a RDC 166/2017, Guia 10/2017, ICH Q2 e o Guia Orientativo DOQ – CGCRE – 008 do INMETRO.

Mas por onde começamos a Validação Analítica quando já possuímos o método analítico? Como o nome diz é uma validação, portanto faz parte do Plano Mestre de Validação (PMV) existente em muitas empresas, e mesmo na empresa em que o PMV não foi implantado podemos seguir com os dois documentos essenciais para todo e qualquer tipo de validação, que são eles o Protocolo de Validação e o Relatório de Validação. Caso não se possua o método analítico será necessário desenvolvê-lo, aonde se faz inicialmente o levantamento da pesquisa bibliográfica, a otimização do método, sua pré-validação para então entrarmos na validação de fato.

Retornando aos documentos de validação analítica, o protocolo surge com o intuito de descrever como será realizada a validação: Quais os parâmetros de validação serão estudados, qual a metodologia utilizada para estudar cada parâmetro, quais os critérios de aceitação de resultados para cada parâmetro (geralmente definido por características do analito e da natureza do método). Já o relatório traz a descrição dos resultados obtidos, os cálculos, a abordagem estatística e a conclusão, vale destacar que tanto o protocolo quanto o relatório de validação analítica devem possuir detalhamento suficiente para que possam ser reproduzidos, além do mais, são documentos que devem estar disponíveis para avaliação mediante a solicitação da ANVISA.

Introduzimos os documentos mencionados acima, agora vejamos, de modo generalizado, suas estruturas:

1) Cabeçalho, folha de aprovação e índice: Exemplificação do cabeçalho:

PROTOCOLO (RELATÓRIO) DE VALIDAÇÃO DE MÉTODO ANALÍTICO Identificação/ Numeração do documento conforme a lista deste documento no setor

responsável

Setor responsável Elaborado por: Validação De Método Analítico para Determinação de Teor YYY em produto ZZZ Data Inicial: Última Revisão: Revisão nº:

Página 1 de XX

 

2) Aprovação: Exemplificação da folha de aprovação:

 

Nome Cargo Data Assinatura
Elaborado por: Analista      do

Responsável

Setor
Conferido por: Analista                    do Responsável Supervisão

Coordenação

Setor

ou

/

Aprovado por: Gerência      do

Responsável

Setor
Aprovado por: Supervisão                                      /

Coordenação                                   da Garantia da Qualidade

 

Para o índice não há uma exemplificação por se tratar de algo habitual para todos.

 

3) Introdução

Descreve-se de forma clara e objetiva o que é uma validação analítica, como é realizada (citando, mas não descrevendo, os parâmetros de validação) e qual a sua finalidade (aqui não se trata da sua finalidade de validação do método em estudo, mas sim de uma finalidade generalizada para validação analítica, por exemplo, “a validação analítica tem por finalidade o cumprimento das BPL que integram a normativa de BPF...”).

Cabe destacar que a introdução é curta, é diferente de uma introdução de documento acadêmico, na empresa se buscar clareza, objetividade e agilidade.

 

4) Objetivo: Exemplificação:

“Este protocolo tem por objetivo estabelecer os critérios e os procedimentos que serão (foram) utilizados para validação do método XXX para determinação de teor de YYY no produto ZZZ, de acordo com a RDC 166/2017 e em conformidade com a RDC 301/2019”

 

5) Escopo: Exemplificação:

“Esta validação envolve o método analítico para determinação de teor de YYY no produto ZZZ, conforme metodologia analítica da Farmacopeia AAA, página BBB, edição CCC.”

A diferença do escopo para o objetivo é praticamente nula, no escopo o foco é apenas mencionar o método, qual o ativo e em que será analisado, já no objetivo adicionamos a essas informações que o documento prevê critérios de aceitação e procedimentos no caso do protocolo, e, no caso do relatório, o objetivo pode, opcionalmente, ainda mencionar que no documento também são vistos os cálculos e a abordagem estatística.

 

6) Responsabilidade:

Mencionam-se os setores envolvidos e suas respectivas responsabilidades.

 

7) Validação:

 Descrição dos parâmetros de validação a serem (foram) avaliados, sendo em sua maioria: Adequação do sistema (System Suitability), seletividade, linearidade, precisão, exatidão e robustez, todos esses parâmetros dependem logicamente da natureza do método analítico. Tais parâmetros são acompanhados de seu critério de aceitação, materiais, equipamentos e metodologia, adicionalmente ao relatório são inclusos os cálculos, abordagem estatística e uma breve conclusão por parâmetro de validação analítica.

 

8) Conclusões (somente para o relatório):

A conclusão final retorna as conclusões por parâmetro de validação para deduzir ao final do tópico se o método atende a todos os parâmetros avaliados tornando-se assim adequado para a finalidade pretendida.

9) Referências bibliográficas (somente para o relatório):

Para este tópico não há uma exemplificação por se tratar de algo habitual para todos.

 

 

Por fim, vejo muitas equipes se perguntando de quem é a responsabilidade da Validação

Analítica, é do Desenvolvimento ou do Controle de Qualidade?

 

A resposta é depende, qual é a estrutura da empresa? Ela possui um setor de Desenvolvimento Analítico? Sem sim, em geral este setor será responsável por desenvolver e validar o método analítico no seu setor, após, será responsável por revalidar o método no momento da transferência para o Controle de Qualidade, e então o Controle de Qualidade passa a ser usuário rotineiro da metodologia e como usuário tem a responsabilidade de checar o método e agir em casos de eventualidades que possam vir a descaracterizar o método. Caso na estrutura de empresa não exista um setor exclusivo para Desenvolvimento Analítico a condução do estudo de validação analítica, em geral, passa a ser responsabilidade do Controle de Qualidade. Vejamos que em ambos os casos o Controle de Qualidade está amplamente envolvido, ou seja, o analista de Controle de Qualidade deve ter conhecimento de validação analítica, ser usuário de um método analítico é mais do que fazer análise por rotina, é necessário que se crie uma visão mais analítica para que se saiba interpretar parâmetros fora de validação, impactando na aprovação, retrabalho ou reprovação de um produto, insumo, processo ou limpeza com confiabilidade. Portanto, gostaria de trazer a reflexão de um jargão tão comum dentro de empresas:

 

 

“Controle de Qualidade é só rotina, é mecânico”. Será?

 

Acredito que acima temos apenas um pequeno exemplo de que fazer apenas a rotina não é o suficiente para um bom desempenho do setor, aliás, o Controle de Qualidade é uma área rica de conhecimento, basta pensar fora da caixa e se envolver mais com os processos comuns e de melhoria que interligam o setor para que se possa ampliar a visão do que é um Controle de Qualidade.

 

Publicado por

Daniela Luzitano de Oliveira

Química Industrial | Controle de Qualidade | Desenvolvimento Analítico

Compartilhe este artigo:

[ssba-buttons]

Bioquímica Brasil

O movimento Bioquímica Brasil foi fundado em 2014 por egressos e estudantes dos cursos de Bioquímica.

bioquimicabr@gmail.com

Bioquímica Brasil

O movimento Bioquímica Brasil foi fundado em 2014 por egressos e estudantes dos cursos de Bioquímica.

bioquimicabr@gmail.com

0 comentários

Enviar um comentário

REDES SOCIAIS & CONTATO

FACEBOOK LINKEDIN INSTAGRAM

bioquimicabr@gmail.com

FACEBOOK
LINKEDIN
INSTAGRAM

bioquimicabr@gmail.com

Bioquímica Brasil ©. Divulgando a ciência Bioquímica desde 2014!