Novas ideias sobre os efeitos antivirais da cloroquina

Novas ideias sobre os efeitos antivirais da cloroquina

por | abr 26, 2020

Com o surgimento do novo coronavírus (COVID-19), uma série de medidas de contenção foram adotadas com a disseminação desse vírus. Diversos esforços das autoridades internacionais de saúde estão sendo concentrados em diagnósticos, isolamento rápido dos pacientes infectados e busca por terapias capazes de combater efeitos mais graves da doença. Assim, diante da situação emergencial de saúde pública e na ausência de uma terapia eficiente conhecida, investiga–se o possível efeito inibitório da cloroquina / hidroxicloroquina contra o SARS- CoV- 2, conhecido oficialmente como coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda, uma vez que  estas moléculas se mostraram como inibidores potentes para a maioria dos coronavírus, incluindo SARS- CoV- 1.

A cloroquina é um medicamento amplamente utilizado para tratamento de malária e no controle de processos inflamatórios, porém a atividade dessa molécula não se limita apenas a isso, como ilustrado por sua atividade em uma ampla variedade de infecções bacterianas. A cloroquina e a hidroxicloroquina pertencem á mesma família molecular e esta última se difere apenas na presença de um grupo hidroxila no final da cadeia lateral. Apresentam farmacocinética semelhantes, rápida absorção gastrointestinal e eliminação renal. Porém, tais medicamentos se diferem ligeiramente quanto ás indicações clínicas e dosagens. Assim, com a disseminação do novo coronavírus em andamento, os efeitos antivirais do amplo espectro da cloroquina merecem grande atenção no possível emprego desse medicamento para a terapia do COVID-19.

Recentes estudos in vitro indicaram que a cloroquina e o remdesivir antiviral inibiram a SARS- CoV-2. Com isso, testes com este medicamento começaram a ser realizados em pacientes humanos que sofrem de COVID- 19, no qual a cloroquina foi indicada pelo  Centro Nacional de Desenvolvimento de  Biotecnologia da China como uma das três drogas promissoras para o novo coronavírus. Relatórios analisados sobre o aproveitamento da cloroquina nos hospitais da China e na província de Guangdong relataram que, cerca de 100 pacientes apresentaram um quadro de melhora mais rápido quando comparado com grupos de controle que não apresentavam efeitos mais graves da doença. Embora a cloroquina possa ser a primeira molécula a ser usada na China e no exterior para o tratamento do vírus, ainda é necessário estudos mais detalhados sobre os possíveis efeitos adversos do medicamento nos pacientes.

O mecanismo de ação da cloroquina depende do tipo de patógeno estudado e, assim, etapas envolvidas nos processos refletem em vias diferentes. Estudos mostraram que o efeito inibitório da cloroquina pode estar associado á etapa da pré-entrada viral, interferindo na ligação das partículas virais ao seus receptores de superfícies celulares como no caso dos ácidos siálicos, no estágio inicial de replicação do vírus ou até mesmo na modificação pós-traducional de proteínas virais. Mas, os mecanismos moleculares envolvidos no processo ainda não são  esclarecidos.

Assim, embora estudos recentes apoiam a hipótese de que os resultados clínicos dos pacientes podem ser melhorados com o uso da cloroquina no tratamento, questões como o mecanismo de ação, bem como efeitos adversos do uso desse  medicamento ainda não são muito esclarecedores. Portanto, ainda faz-se necessário estudos em torno do efeito inibitório da cloroquina sendo esta uma possível opção de terapia para a pandemia do novo coronavírus.

 

REFERÊNCIAS:

Christian A. Devaux, Jean-Marc Rolain, Philippe Colson, Didier Raoult, New insights on the antiviral effects of chloroquine against coronavirus: What to expect for COVID-19?, International Journal of Antimicrobial Agents, 2020, 105938, ISSN 0924-8579, https://doi.org/10.1016/j.ijantimicag.2020.105938.(http:/www.sciencedirect.com/scienc/article/pii/S0924857920300881)

Aluna: Camila Aparecida Martins, graduanda em Bioquímica e membra da Empresa Junior de Bioquímica da Universidade Federal de Viçosa

e-mail: camila.a.aparecida@ufv.br

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