Fígado: Centro metabólico do nosso organismo
O metabolismo ocupa um papel muito importante para a manutenção da vida, pois é responsável por uma série de reações que possibilitam a transformação de moléculas maiores em monômeros. Mas qual a relação do fígado com o metabolismo, e qual a importância desse órgão bioquimicamente?
O fígado é o maior órgão interno, tendo como principais células funcionais os hepatócitos. E ele atua como centro metabólico, sendo nele que se é armazenado o glicogênio(uma forma de se armazenar glicose) a glicose é fonte de energia para vários órgãos, principalmente para o cérebro que sozinho consome cerca de 20% da glicose total disponível, por isso é muito importante que se mantenha os níveis séricos da glicose. A concentração sérica da glicose é finalmente controlada pelos hormônios insulina e glucagon. Quando a concentração de glicose aumenta, há maior síntese e secreção de insulina para facilitar a captação de glicose pelas células através das ativações de sistemas intermembranares denominados GLT e quando a concentração abaixa, o hormônio atuante é o glucagon que atua na quebra do glicogênio em glicose, suprindo assim a demanda energética no organismo.
É no fígado também que muitas proteínas são sintetizadas dentre elas podemos destacar a albumina (proteína mais abundante no plasma, sendo importante na manutenção do volume plasmático circulante e também no equilíbrio ácido-base do organismo, ela é ainda carreadora de outras proteínas, de ácidos graxos, de bilirrubina não conjugada, de íons, de drogas ,e pelo controle do pH sanguíneo ).Além disso, o fígado é o responsável por metabolizar aminoácidos e lipídios para fornecer energia sendo responsável também pela ativação dos pró-fármacos, bilirrubina e drogas em geral. O fígado recebe sangue venoso do intestino, por isso, todos os produtos da digestão, além das drogas ingeridas e xenobióticos (substâncias estranhas no organismo), passam pelo fígado antes de entrarem na circulação sistêmica (onde o sangue é levado do coração para outros tecidos).
O metabolismo do álcool se dá por ações de enzimas como a álcool desidrogenase e a aldeído desidrogenase presentes no fígado e que são responsáveis por degradar o etanol, primeiro em acetaldeído e depois a conversão do mesmo em ácido acético. Qualquer desequilíbrio nos níveis dessas enzimas pode levar ao acúmulo do álcool no organismo e causar cefaleia, náuseas e até esteatose hepática(gordura no fígado).Um dos principais fenômenos que desencadeiam a esteatose hepática é o acúmulo de acetaldeído hepático .Ele altera o potencial redox dos hepatócitos devido ao seu alto potencial redox que inibe a via metabólica do glicogênio e ativa a via metabólica lipídica .
É o fígado também a principal fonte não-eritrocitária da síntese do grupo heme, que é um constituinte da hemoglobina, mioglobina e dos citocromos. Além disso, o fígado é o principal local de síntese de hormônios esteroides a partir do colesterol. E isso é muito importante, uma vez que o colesterol é reagente de partida para síntese de vários hormônios(cortisol, aldosterona, testosterona, progesterona, estradiol), dos sais biliares e da vitamina D.
Também é importante destacar que o fígado é o responsável pela desintoxicação de xenobióticos. Diante de toda importância ressaltada, o que acontece em caso de doenças no tecido hepático?
Pode ocorrer diminuição dos níveis de albumina( relação com o quadro de cirrose),ou ainda com a síndrome nefrítica(que é albumina perdida através da urina).Outro quadro é a hepatite viral ou a overdose de paracetamol que estão associados à enzima presente nos hepatócitos denominada Alanina Transaminase(AlT), e quando há lesão celular ela atinge a corrente sanguínea, e causa , quadros destacados acima.
Doenças hepáticas também podem trazer danos ao SNC, pois o desequilíbrio no metabolismo e excreção de amônia nos rins é dificultado e, devido sua toxicidade, altas concentrações séricas de amônia atravessam a barreira hematoencefálica, causam a diminuição dos níveis de ATP e redução nos níveis de GABA.
É o fígado também o responsável pela excreção e, quando ele está comprometido os medicamentos passam mais tempo no organismo, e como o fígado é capaz de desempenhar todas essas funções?
É importante destacar que as enzimas hepáticas possuem baixa especificidade pelo substrato, essa característica confere a elas sua ampla capacidade de metabolizar drogas e torná-las, mais solúveis em água e facilitar, a excreção. Todas as razões citadas colocam o fígado no centro do metabolismo e qualquer dano causado a esse órgão pode acarretar problemas, causando danos a outros órgãos inviabilizando a manutenção da vida, pois todos os processos são rigorosamente controlados em pontos chaves por enzimas alostéricas.
E aí, gostou do texto? Bioquímica é mesmo fantástica!
Referências:
https://5.imimg.com/data5/RB/AC/GLADMIN-64824168/alcoholic-liver-di sease-treatment-services-500x500.png Circulação sistêmica e pulmonar - Brasil Escola biossíntese de colesterol - UFRGS
Albumina - Bioquímica - InfoEscola
BAYNES,J,W;DOMINICZAK,M,H.Bioquímica Médica. 2. ed.Porto Alegre.Artmed,2007.
geisianemariano86772@gmail.com
Geisiane Aparecida Mariano , aluna de graduação em Bioquímica pela UFV.
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