Toxicidade, potencial antioxidante e atividade antibacteriana da Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna

por | ago 13, 2019

A bioquímica na avaliação de atividades biológicas de produtos vegetais

Os biomas são competitivos por natureza, as espécies que os constituem precisam desenvolver formas de se defender, crescer e se reproduzir. Plantas, por exemplo, sintetizam metabólitos secundários que são moléculas complexas e desempenham funções variadas. Pode-se citar os flavonoides, que são sintetizados e depositados nas flores de plantas e têm como função atrair insetos que levam pólen (gameta masculino) para as flores femininas, culminando na perpetuação da espécie.

Além do efeito no bioma, essas moléculas complexas podem apresentar atividades em outros ambientes e a bioquímica nos permite observar, analisar e desenvolver meios de utilização delas para outras finalidades. As classes de metabólitos secundários podem ser identificadas através da triagem fitoquímica, com observação de reações fisicoquímicas como mudança de cor, liberação de calor, formação de espuma, dentre outros fenômenos.

Segue o resumo do trabalho desenvolvido pela Rita da Silva Guerra, integrante do Centro Acadêmico de Bioquímica na Universidade Federal de Viçosa (UFV) que utilizou técnicas bioquímicas para a compreensão do que causa o efeito terapêutico e como ele ocorre. Boa leitura.

Toxicidade, potencial antioxidante e atividade antibacteriana da Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna

Plantas são comumente usadas com finalidade medicinal, para suprir necessidades de assistência medica de diferentes formas. As diversas indicações terapêuticas atribuídas a uma planta pode dificultar a descoberta e o desenvolvimento de novos princípios ativos encontrados em diferentes partes dos vegetais. O fácil acesso e as diferentes formas de uso, podem levar a efeitos variados, assim, sendo necessário considerar os efeitos logo após a ingestão e também decorrentes do seu uso continuo.

As espécies do gênero Ceiba sp., popularmente conhecidas como barriguda ou paineiras, são árvores que variam de 5 a 20 metros e encontram-se amplamente distribuídas pelo mundo, incluindo a América do Sul e a região amazônica do Brasil (Figura 1). A utilização do gênero está descrita para diversas finalidades com base em seu potencial terapêutico, nutricional e econômico, todavia, são poucas as evidências relacionadas ao potencial antioxidante e aos aspectos fitoquímicos e toxicológicos da Ceiba speciosa. Existem relatos do uso desta planta para a redução dos níveis séricos de colesterol, triglicerídeos e glicose. Dessa forma o estudo realizado tem a finalidade de avaliar possíveis níveis de toxidade e o seu potencial antioxidante e antibacteriano.

Figura 1: Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna

As flores recolhidas para análise, foram secadas durante sete dias a 50°C e reduzidas a pó. Após este processo de obtenção de material de estudo foi preparada uma infusão, maneira popular mais comum de consumo, com duas colheres de sopa do pó das flores para 240 mL de água. Considerando que natureza do solvente empregado no processo de extração influencia diretamente no tipo e na quantidade do composto fitoquímico em solução, as soluções aquosas preparadas, apresentaram flavonoides e saponinas (TABELA 1). Estas se demonstraram atóxicas, com potencial antioxidante, todavia, a atividade antibacteriana foi identificada nas soluções hidrometanólicas.

Os flavonoides representam uma das classes fitoquímicas de maior ocorrência em plantas, atuando como agentes antioxidantes, antimicrobianos, antialérgicos, antivirais, anti-inflamatórios e vasodilatadores, sendo a principal causa de estudos a sua atividade antioxidante. Em resumo descreveu-se a presença de dois compostos da família das antocianinas, tipos de flavonoides, nas flores da C. speciosa. As saponinas são glicosídeos de esteroides ou de terpenos policíclicos, por isso classificam-se como saponinas esteroidais e saponinas triterpênicas, e são responsáveis por proteger as plantas contra o ataque de insetos e microrganismos. Possuem atividades farmacológicas atribuídas aos efeitos antitumoral, anti-inflamatório, antiviral, antifúngico, antibacteriano e citotóxico, dentre outros. Tais características contribuem para a atividade antioxidante e antibacteriana da C. speciosa.

Em relação à toxicidade, foi avaliada por meio do teste de letalidade frente ao microcrustáceo Artemia salina, considerando a correlação das concentrações e a frequência dos óbitos amostra. Observou-se diferença significativa do número de sobreviventes entre o infuso inicial e as três primeiras diluições quando comparados ao controle negativo (CN), evidenciando a relativa seguridade na concentração de 0,4 mg/mL, o que indica a ausência de toxicidade da amostra nesta concentração. Testes de toxicidade in vitro podem ser úteis para o seguimento de pesquisas com extratos e substâncias de ação ainda desconhecidas, pois fornecem dados preliminares para as avaliações nas pesquisas in vivo, de maneira a elucidar o estudo das doses e o estabelecimento da correlação dose-dependência com os efeitos fisiológicos manifestados.

Referências:

https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=http://www.revistafitos.far.fiocruz.br/index.php/revista-fitos/issue/download/41/pdf_95&ved=2ahUKEwi0-uTJ98LhAhXGuVkKHSJqD9oQFjAEegQIBhAB&usg=AOvVaw0NY0JQLZIkSebaR6j9KMpI&cshid=1554810216504

https://www.google.com/search?q=ceiba+speciosa&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiw59yfguzjAhXMm-AKHf9tAjcQ_AUIEigC&biw=1366&bih=665#imgrc=dpWKXmr9KIy_uM:

 

Rita da Silva Guerra
Membro do Centro Acadêmico de Bioquímica
ritasilva04992@gmail.com

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