O vírus da zika e sua possível imunoproteçao contra o vírus da dengue.
O Brasil é um país que se caracteriza por apresentar climas úmidos e quentes. Essa predominância torna-se um atrativo para que se estabeleça um grande número de insetos, como é o caso dos mosquitos do gênero Aedes. As espécies desse gênero são de grande relevância por serem vetores de algumas doenças importantes, como a dengue, Zika e chikungunya.
Um artigo publicado em fevereiro na revista The Lancet Global Health trouxe uma hipótese em relação a infecção do zika vírus. No estudo, é relatado que a infecção pelo vírus pode estar ocasionando uma imunoproteção contra as subsequentes transmissões do vírus da dengue. O artigo apresentou resultados de pacientes que foram infectados por dengue, Zika e chikungunya em Salvador-BA
A pesquisa começou em 2009 e se estendeu até o final de 2017 e foram analisados 3.330 moradores da cidade de Salvador. Entre 2009 a 2013 o alvo dos testes foi o vírus da dengue, mas com a chegada do vírus da zika em 2014 os pacientes em estudo também realizaram teste para esse vírus.
De acordo com os dados coletados, foi possível observar algumas evidências estatísticas sobre a redução dos casos de dengue antes e depois da epidemia de zika que ocorreu em 2015. No trabalho apresentado, do ano de 2009 até março de 2015, 484 de 1937 pacientes analisados foram designados com dengue. Entretanto, a partir de abril de 2015, onde houve um aumento dos casos de zika, os dados em relação a infecção pelo vírus dengue diminuíram para apenas 43 de 1334. Tendo em vista que no ano de 2016 não houve mais ocorrência de casos de dengue.
Figura retirada do artigo, no qual os dados em (A) são casos de infecção por vírus da dengue em pacientes com doença febril aguda confirmada por RT-PCR; e (B) casos de infecção por vírus da dengue confirmados por RT-PCR, IgM ou NS1 ELISA, ou isolamento viral, entre pacientes com suspeita de dengue de Salvador. As figuras também mostram a freqüência de casos de laboratório de infecção do vírus Chikungunya confirmados por RT-PCR ou IgM ELISA e de infecção por vírus Zika confirmada por RT-PCR.
Uma forma de verificar as análises feitas é através do vírus da chinkungunya. Por apresentar o mesmo vetor da zika e da dengue, e também, por ter chegado ao Brasil na mesma época do vírus da zika, a frequência dos casos da chinkungunya permaneceu elevada durante todas as análises. Assim, é possível confirmar que o ambiente estava propício para o vetor de transmissão do vírus da dengue.
Com isso, os pesquisadores chegaram à conclusão que pode haver uma imunoproteção contra a dengue nos pacientes que já foram infectados pelo vírus da zika. Assim, essa descoberta pode auxiliar nos estudos de imunopatogênese da dengue e da zika, como no desenvolvimento de vacinas contra esses vírus.
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