A bioquímica e a produção de vacina
As vacinas são produtos biológicos com pretensão de conferir proteção à determinadas doenças. São constituídas por agentes patógenicos, previamente atenuados ou mortos ou por fragmentos desses agentes, tendo como função, estimular uma resposta imunológica, mesmo que menor no organismo, passando a produzir anticorpos sem ter contraído, necessariamente, a doença.
Assim, uma “memória” do organismo fica ativada e, quando o organismo entrar em contato com o patógeno novamente, ele terá a “memória imunológica” e saberá agir de uma forma muito mais intensa. É como uma pessoa que você acabou de conhecer e ela te faz algum mal, quando ela retornar em um outro momento, você se lembrará do que lhe foi feito e saberá agir da melhor forma a evitar um provável dano.
A bioquímica irá atuar tanto na produção de vacinas já existentes e em suas melhorias, como na pesquisa e desenvolvimentos de novas. Como as vacinas apresentam uma eficiente estratégia na saúde pública, o desenvolvimento de formulações mais seguras e eficazes têm sido o principal foco para avanços imensuráveis, visando a possibilidade de que, futuramente, obtenha-se vacinas para o tratamento de doenças infecciosas e degenerativas, que ainda não possuem cura.
Atualmente, com o desenvolvimento das técnicas de manipulação genética, alterou de maneira significativa a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas. Uma vez que é possível identificar genes envolvidos na patogenicidade ou metabolismo primário inativando-os sem comprometer a viabilidade do organismo. Ou até mesmo utilizar apenas uma sequência de DNA, informação genética, responsável pela codificação de antígenos, na fabricação de vacinas.
Exemplificando temos, o câncer cervical é causado por um tipo de infecção viral, há uma expectativa de produzir uma vacina capaz de gerar anticorpos neutralizantes, reduzindo a incidência de câncer em longo prazo. Já existe duas vacinas profiláticas baseadas em VLP (Virus Like Particles) a Gardasil e a Cervarix disponíveis no mercado. Essas vacinas têm se mostrado extremamente eficientes na indução de anticorpos neutralizantes para os vírus. Como ilustrado abaixo:
Fonte: https://www.slideshare.net/ESOSLIDES/7-khleif
Mesmo com os altos custos envolvidos nos testes clínicos, e uso de determinadas formulações, que podem levar a uma diminuição no interesses de investimentos no avanço em tal área.
As possibilidades da produção de vacina com proteínas recombinantes (antígeno) ser de maneira relativamente fácil, e mais segura. E com perspectiva para o tratamento de uma gama de doenças, tem tido uma maior influência. Abaixo as etapas de acesso e autorização de mercado, para as vacinas (DRURY,2019).
Sendo assim, o profissional de bioquímica consegue trabalhar em praticamente todos os processos de desenvolvimento de vacinas, sendo uma área bastante promissora e intrigante.
Sugestões para leitura:
DRURY, Georgina et al. Process mapping of vaccines: Understanding the limitations in current response to emerging epidemic threats.
FRENSING, Timo et al. Influenza virus intracellular replication dynamics, release kinetics, and particle morphology during propagation in MDCK cells. Applied microbiology and biotechnology, v. 100, n. 16, p. 7181-7192, 2016.
DINIZ, Mariana de Oliveira; FERREIRA, Luís Carlos de Souza. Biotecnologia aplicada ao desenvolvimento de vacinas. estudos avançados, v. 24, n. 70, p. 19-30, 2010.
LIYANAGE, H. et al. Big data usage patterns in the health care domain: A use case driven approach applied to the assessment of vaccination benefits and risks. Yearbook of medical informatics, v. 23, n. 01, p. 27-35, 2014.
DOHERTY, Mark et al. Vaccine impact: benefits for human health. Vaccine, v. 34, n. 52, p. 6707-6714, 2016.
BOSCH, F. X. et al. Prevalence of human papillomavirus in cervical cancer: a worldwide perspective. International biological study on cervical cancer (IBSCC) Study Group. J. Natl. Cancer Inst., v.87, p.796-802, 1995
Autor(a): Letícia Alves Lopes graduanda em Bioquímica pela Universidade Federal de Viçosa, UFV. Membro da coordenação acadêmica do Centro acadêmico de bioquímica, CABQI.
Co-Autor(a): Nathália dos Santos Ramos, graduanda em Bioquímica pela Universidade Federal de Viçosa
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