O Bioquímico na gestão de inovações e gestão de laboratórios
Helaindo Guimarães Júnior, aluno da Bioquímica-UFV (2013- 2017) atua como Assessor de Novos Negócios na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do CenTev/UFV, o Centro Tecnológico de Desenvolvimento Regional de Viçosa. Além disso, foi membro do Centro Acadêmico e coordenador do PET-Bioquímica da UFV.
- (Bioquímica Brasil) Nos conte como foi sua trajetória acadêmica e profissional até aqui? Incluir PET e CA.
Minha trajetória acadêmica começou quando participei do Programa Jovens Talentos Para a Ciência em 2013. O Programa me colocou em contato com vários projetos de pesquisa em diferentes laboratórios. Foi, sem dúvidas, um aprendizado incrível e o primeiro passo para outros projetos que me tiraram da zona de conforto. Desde que entrei no curso e me apaixonei pela Bioquímica queria contribuir de alguma forma para a melhoria do curso na UFV. Foi então que me tornei membro do Centro Acadêmico (CA-BQI) ainda em 2013. Nessa experiência organizei eventos e iniciativas para restaurar o CA e aproxima-lo dos alunos. Em 2014, comecei minha trajetória de pouco mais de 3 anos no Programa de Educação Tutorial, PET-Bioquímica.
O PET foi a maior oportunidade de desenvolvimento pessoal e profissional que poderia ter. A formação completa na tríade – Ensino, Pesquisa e Extensão – é sólida em qualquer petiano. No meu caso, alguns projetos como a Olimpíada Viçosense de Bioquímica, o Bioquímica na Mídia e a Jornada de Bioquímica e Biologia Molecular, entre outros eventos, cursos, encontros e congressos, despertaram minha paixão por esse Programa. Fazer parte do PET despertou também um espírito de liderança, quando atuei como coordenador do grupo por cerca de 2 anos. Nessa época, conseguimos realizar o primeiro planejamento estratégico do PET-BQI baseado em ferramentas como a Análise SWOT.
Em todos esses anos consegui desenvolver competências como resolução de problemas, comunicação, criatividade e resiliência, que foram essenciais para chegar à minha atual ocupação. Hoje, atuo como Assessor de Novos Negócios na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do CenTev/UFV desde Janeiro de 2017. Desenvolvi também, em julho desse ano, um Projeto de Consultoria do SEBRAETEC em um laboratório de Análises Clínicas na cidade de João Pinheiro/MG.
- Você poderia fazer uma breve descrição da sua rotina (dia-a-dia) de trabalho no CENTEV?
Como Assessor de Novos Negócios sou responsável pela porta de entrada da Incubadora. Ou seja, atuo na sensibilização e prospecção de Novos Negócios através visitas de estudantes e demais interessados em conhecer a Incubadora, apresentando toda infraestrutura, funcionamento e atividades da IEBT.
Além disso, trabalho na realização do INOVAR, o Seminário de Empreendedorismo, Inovação e Desenvolvimento; do Concurso de Ideias e de todo o processo de seleção de novas empresas e projetos de negócios de base tecnológica.
- Como você aplica seus conhecimentos em bioquímica em seu trabalho no CENTEV?
Como minha principal função no CenTev é atuar na sensibilização e prospecção de Novos Negócios estou diretamente ligado com potenciais empreendedores para a Incubadora. A UFV é referência em pesquisa e vivi de perto essa parte quando fiz estágio em diversos laboratórios por mais de 2 anos antes de ir para o CenTev. Porém, muitas pesquisas não saem do papel e ficam engavetadas em artigos.
O CenTev trabalha para que a Inovação seja o elo de ligação entre as pesquisas e o mercado. Dessa forma, minha formação contribui na busca por estudantes e pesquisadores que possam se tornar empreendedores. Assim, meus conhecimentos técnicos me auxiliam ao realizar sensibilizações e, principalmente, na prospecção de Novos Negócios, em que a experiência em ambas as partes (técnica e de negócios) me ajudam a ter um bom andamento na busca por novos projetos para a Incubadora.
- Você participou de um projeto de gestão do SEBRAETEC para otimizar processos e aumentar produtividade de um laboratório de análises clínicas. Como surgiu essa oportunidade e quais foram as atividades realizadas nesse projeto? (descrever seu audio que você falou sobre 5S, controle de estoque de reagente, mapeamento de custos e lucros, mapeamento de processos)
O SEBRAETEC é um programa nacional do Sistema SEBRAE que oferece soluções personalizadas para melhorar os processos, serviços e produtos de uma empresa. Neste contexto, um Laboratório de Análises Clínicas de médio porte da cidade de João Pinheiro/MG participou desse programa buscando melhoria da produtividade e competitividade da empresa. O projeto para atender a demanda da empresa foi gerenciado pela Prof. Adriana Faria que é líder do grupo de pesquisa e extensão tecnológica Núcleo de Tecnologias de Gestão (NTG) da UFV. Nesse caso, como se tratava de uma demanda específica de um laboratório, era necessário um conhecimento da área para o projeto. Então, fui chamado para atuar como consultor externo para desenvolver o projeto, juntamente com uma estudante do curso de Engenharia de Produção. Durante 1 mês, acompanhei a rotina do laboratório na cidade de João Pinheiro/MG.
Na primeira etapa, de mapeamento dos processos do laboratório, contribui mapeando todos os procedimentos desde a coleta de amostras até a análise em si. Dessa forma, descrevi todo o preparo de amostras, uso de reagentes e equipamentos e o funcionamento do laboratório como um todo com o objetivo de identificar pontos de melhoria. Em paralelo, na análise financeira, fui responsável por calcular todos os custos do laboratório com reagentes e itens de uso comum para analisar o lucro da empresa com os exames realizados. Nessa etapa, o laboratório possuía uma grande deficiência no controle de estoque dos seus reagentes e itens de uso comum, como luvas, agulhas, seringas, entre outros materiais. Vários materiais eram perdidos, comprados de última hora, e não havia um sistema de controle de estoque. A partir desse e de demais diagnósticos, foi implantado o Programa 5S. A metodologia possibilitou evitar desperdícios, melhorar a organização do ambiente de trabalho e sistematizar o estoque. Por fim, um prognóstico foi elaborado para que a empresa pudesse tomar decisões para a constante melhoria da competitividade organizacional.
- Que características técnicas (disciplinas) e humanísticas você acha que o bioquímico deve desenvolver para trabalhar na área de gestão laboratorial e de empreendedorismo em bioquímica?
Em relação às características técnicas, já foi conversado com alguns professores da UFV a necessidade de disciplinas de empreendedorismo, controle de qualidade e de gestão de laboratórios, por exemplo. Os alunos já tem contato com a rotina laboratorial em estágios que possibilita uma visão sistêmica de uma rotina organizacional, mas considero que isso ainda é muito superficial. A formação do Bioquímico deve ser cada vez mais completa e voltada não somente para a parte técnica da pesquisa, mas também para a capacidade de resolver problemas complexos e para isso é necessário um conhecimento interdisciplinar muito grande.
- São poucos os profissionais que investem no terceiro pilar da universidade federal: a extensão. Nos conte um pouco do que é o PET e como ele se insere na dinâmica da Bioquímica UFV?
O PET é composto por grupos tutoriais de aprendizagem e busca propiciar aos alunos, sob a orientação de um professor tutor, condições para a realização de atividades extracurriculares, que complementem a formação acadêmica. As atividades desenvolvidas têm como objetivo garantir aos alunos oportunidades de vivenciar experiências não presentes em estruturas curriculares convencionais, visando à formação global. Com o objetivo de formar globalmente o aluno, o PET assume a responsabilidade de contribuir para sua melhor qualificação como pessoa humana e como membro da sociedade. Todo este encargo que cabe à concepção do PET é, finalmente, conquistado a partir do planejamento e execução de atividades de ensino, pesquisa e extensão. O PET-Bioquímica especificamente tem um olhar forte para a extensão com a visão de popularização da ciência e a interação com a sociedade sempre presente em seus projetos.
- Com base na sua experiência, que conselhos você daria ao atual aluno de bioquímica?
Toda a experiência universitária oferece oportunidades únicas que contribuem muito mais para a formação do que somente o aprendizado em sala de aula. A formação convencional é importante, mas não pode ser única. Durante minha trajetória tropecei em algumas disciplinas e aprendi muito mais com isso do que somente decorando livros para ser aprovado. Participei de eventos e cursos que foram importantíssimos para minha formação, além de todos os projetos, programas e estágios que fiz parte. Por isso, o meu principal conselho é correr atrás e abraçar as oportunidades!
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