Controle de Qualidade: Estágio em empresa de biodiesel – BsBios

por | jun 5, 2016

A Kamila Wessel é bioquímica pela UEM (2012-2015) e atualmente faz Especialização em Biotecnologia pela UEL. Hoje ela nos conta um pouco mais sobre seu estágio na empresa de biodiesel BsBios, em Marialva - PR.
- (Bioquímica Brasil) O Bioquímica Brasil te agradece por ter aceito nosso convite para essa entrevista. Como você era da segunda turma de bioquímica da UEM, já tinha noção que era diferente de farmácia ou você entrou achando que era farmácia e descobriu que não era durante a graduação... Como foi sua escolha do curso?
(Kamila Wessel) Eu que agradeço! Em relação à escolha do curso, no meu terceiro ano do ensino médio, prestei vestibular para Ciências Biológicas e passei, tanto é que pensei que esse seria o curso que eu iria fazer. No mesmo ano abriu uma série de cursos novos na UEM, e dentre esses, Bioquímica. Então eu comecei a pesquisar, comparando a fundo, a grade dos cursos. Assim que analisei a grade referente ao curso de bioquímica, me apaixonei e percebi que era esse o meu curso. E porque analisei muito as grades, consegui entender realmente do que se tratava a bioquímica, que era outra área da ciência e totalmente diferente de farmácia e de biomedicina.
- Que legal! Isso era bem raro nas primeiras turmas, pelo menos na UEM. Nos conte um pouco da sua trajetória acadêmica; a área que você atuou no estágio foi bem distinta da que você teve um convívio maior dentro do laboratório de Iniciação Científica, não é?
Sim, totalmente diferente. Estagiei a maior parte da graduação no Laboratório de Biotecnologia Enzimática, do departamento de Farmácia e coordenado pela professora Graciette Matioli, onde trabalhei com enzimas livres e imobilizadas, uma CGTase, com ciclodextrinas e exopolissacarídeos (goma succinoglicana e a curdulana). Tive a chance de também auxiliar uma doutoranda com o seu trabalho de clonagem molecular do gene da CGTase com participação no laboratório de Organização funcional do Núcleo, ambos localizados dentro da UEM. Fiz o meu TCC (monografia) no laboratório de Bioquímica de Microrganismos, pertencente ao departamento de Bioquímica, e coordenado pela professora Rosane Peralta, onde trabalhei com compostos fenólicos e atividade antioxidante em farinha de banana verde. E com todo esse tempo estagiando em áreas distintas dentro de laboratórios da UEM, acabei estagiando numa área que ainda não tinha trabalhado antes. Na verdade, a nossa região não tem muitas empresas ou indústrias da área da bioquímica em si. Entretanto, devido à qualidade da nossa grade, temos a vantagem de que nosso curso pode ser direcionado a diversas áreas; por isso, podemos exercer uma séria de funções, como em empresas de ramos distintos. Dessa forma, consegui estagiar na BsBIOS, que trabalha com biodiesel.
 - E como surgiu essa oportunidade de estágio? Você teve que correr muito tempo atrás, teve que mandar muitos e-mails, foi por intermédio de algum professor da UEM, ou foi que você correu atrás e conseguiu o estágio?
Eu havia mandado muitos emails para diversas empresas e indústrias de Maringá e região. Por email, eu tinha conseguido em um laboratório em Londrina. Mas depois, eu consegui a oportunidade de estágio na BsBIOS, por indicação, e como era mais perto de onde eu morava e também era numa empresa muito boa, preferi estagiar na BsBIOS, no laboratório de controle de qualidade da indústria.
- Tem como você dar uma resumida do deu dia a dia dentro da empresa pra gente?
No geral, eu fiz análises de amostras para controle de processo, recebimento de matéria prima e produto final – biodiesel. Dessa forma, o laboratório de controle de qualidade era dividido em duas linhas: uma para os ensaios referentes à produção (controle do processo); e outra que é a comercial, baseada na venda dos produtos (biodiesel e glicerina). A glicerina é um subproduto na produção do biodiesel, que tem um valor comercial. Também presenciei a compra da matéria prima, como sebo e óleos de outras indústrias. Eu trabalhei mais na linha de controle de processo, onde eram realizados ensaios específicos para o biodiesel, para o metanol - que é utilizado no processo - para a glicerina, o sebo que entrava na refinaria, o sebo que passava pelo desodorizador, oleína, ácido graxo de óleo degomado, óleo neutro, porcentagem de impureza na saída dos filtros, entre outros. Além de execução de análises, também tem as atividades de preparo de reagentes, soluções, vidrarias, etiquetas e utensílios de laboratório, organização de reagentes, arquivamento de romaneio, registro e lançamento de resultados; ou seja, todas as atividades cotidianas de laboratório).
- Quais atributos, em especial, você adquiriu durante seu tempo de IC que te ajudou no estágio na indústria? Você pode fazer uma correlação entre o que aprendeu na academia e o que aplicou na indústria? Alguma diferença ou semelhança entre os estágios na academia ou no mercado de trabalho propriamente dito?
Tive a oportunidade de estagiar na UEM desde meu segundo ano de graduação, como IC, onde consegui aprender muita coisa até meu último ano de graduação, como a rotina dentro de um laboratório de pesquisa, preparo de reagentes e soluções, organização geral de um laboratório, métodos e técnicas utilizadas em certos experimentos, manuseio de equipamentos e convivência com o pessoal e suas pesquisas, pedir ajuda quando necessário e também auxiliar alguém de alguma maneira com seus experimentos. Toda essa experiência me ajudou demais durante o estágio, pois acho que cheguei bem preparada na prática. Algumas coisas eu já sabia como fazer, o que poupou tempo daqueles que me ensinaram na indústria. E também todo o conhecimento que eu já tinha me ajudou a ter mais facilidade para aprender o que era novo pra mim.
- Você conseguiu notar alguma diferença do profissional bioquímico dentro dessa empresa em especial? Na área de controle de qualidade... Porque temos várias exatas ao decorrer do curso, muita biologia também - microbiologia, imunologia, etc. Você conseguiu detectar algum potencial de destaque entre o bioquímico e o químico trabalhando no controle de qualidade?
Meu papel no estágio era igual a de um químico mesmo, pois todas as análises que realizamos eram referentes à técnica de química, principalmente química analítica. Somos hábeis a realizar toas essas funções devido a nossa extensa carga horária de química. Mesmo estudando processos biológicos e como converter isso a algo que tenha uma grande importância atualmente - nesse caso seria o biodiesel - não acho que tem muita diferença do nosso papel no controle de qualidade da BsBIOS em relação a um químico.
- Você acredita que o conhecimento adquirido durante sua graduação em Bioquímica na UEM foi suficiente para adquirir o estágio e uma vaga no mercado de trabalho? Como você estava comentando agora, nossa carga de química analítica é grande, mas você acha que ainda falta algo além da química em si, alguma matéria em especial a fim de inserir de vez o bioquímico no mercado de trabalho?
Acho que nosso curso tem uma carga horária muito boa, creio que saímos bem preparados, mas algumas matérias poderiam deixar o curso ainda melhor. Mesmo assim, acho que o curso está de parabéns, tivemos excelentes professores, principalmente os do próprio departamento de Bioquímica e acredito que se pudesse aumentar um pouco a carga horária do curso ficaria ainda melhor. Matérias como: Toxicologia e Análise Instrumental, por exemplo. Também acredito que seria interessante adicionar alguma matéria relacionada com Organização de Empresas. Agora foram colocadas algumas matérias da Engenharia como optativas, mas não sei se tantas matérias iriam ajudam o estudante, pois acho que iriam sobrecarregá-los demais em apenas quatro anos; talvez fosse bom aumentar um ano, senão mal conseguiriam estudar e seguir com IC.
- Sem dúvida. Uma coisa que eu, pessoalmente, sinto falta dentro da UEM seria um Centro Acadêmico mais forte e até mesmo uma própria Empresa Júnior. Você acha que se você tivesse a oportunidade de ter trabalhado numa EJ, a obtenção do estágio ou até mesmo uma vaga de emprego viriam mais fáceis? Porque eu imagino que com uma EJ, o contato coma indústria começaria ainda durante a graduação, dentro dos quatro anos, e não apenas no último semestre, quando somos praticamente “obrigados” a achar um estágio. Imagina que ajudaria um pouco a presença de uma EJ focalizada em Bioquímica dentro da UEM? *
Acredito que sim, porque a EJ não forneceria apenas contatos, mas também contribuiria para o desenvolvimento dos estudantes em vários quesitos, como na educação em geral e no desenvolvimento profissional do estudante. Porém deveria ter bastante dedicação por parte do acadêmico a fim de conciliar uma EJ com as diversas disciplinas e a IC. Creio que faltou no nosso curso um pouco mais de tempo livre para que os estudantes pudessem estudar mais e realizar outras atividades além da IC, como uma EJ por exemplo. Mas penso que ajudaria sim.
Em que área você trabalhar? Pensa em voltar para a academia algum dia ou apenas trabalhar por enquanto... Quais são seus planos para o futuro próximo?
Sinceramente, ainda não sei em que área trabalhar, porque gosto de quase todas as áreas referentes a bioquímica, então especificar fica meio complicado pra mim. Sem esquecer que na nossa região não tem muita coisa na área da bioquímica. Agora estou fazendo uma especialização em Biotecnologia e espero que com isso, eu possa me definir melhor. E tudo varia com as oportunidades, não adianta muito eu escolher algo se não tem vagas no mercado para isso. O que aparecer, se eu me identificar, acho que valeria a pena arriscar. Em relação a uma volta para academia, eu não gostaria de voltar agora, mas não posso afirmar que nunca voltarei... Talvez eu precise voltar mesmo, nunca se sabe. Mas num primeiro momento, não é o que eu quero.
Algum conselho, em especial, que você queira passar para os estudantes de Bioquímica da UEM em geral? Seja calouro ou do quarto ano, independente se queiram seguir na academia ou ir para o mercado de trabalho ?
Eu aconselho que eles não desistam; nosso curso não é fácil, mas essa dura jornada é válida, vai ter inúmeras recompensas, com certeza. Não me arrependo de ter feito esse curso; a maioria das pessoas não nos conhece ainda, mas não tenho dúvidas que isso mudará rapidamente, porque querendo ou não a bioquímica é o futuro. É algo que sempre vai melhorando e, sem dúvida, será necessária para o futuro. E não tenho dúvidas de que logo estaremos muito bem reconhecidos.
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*Nota do Editor : Atualmente, a UEM está reformulando o Centro Acadêmico, e o plano é de fundar a Empresa Junior de Bioquímica em breve.

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O movimento Bioquímica Brasil foi fundado em 2014 por egressos e estudantes dos cursos de Bioquímica.

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