A importância da pesquisa para o desenvolvimento do mercado de fitomedicamentos no Brasil.

por | mar 26, 2018

O Brasil é considerado o país com a maior diversidade biológica do planeta, possuindo cerca de 1,8 milhões espécies, das quais, apenas 350 mil espécies foram catalogadas, o que significa que ainda é necessário conhecer melhor a biodiversidade do nosso país. Assim podemos ver como nosso país é rico em produtos naturais que podem ser explorados para diversas aplicações, especialmente, a flora, sendo utilizada como insumo medicinal desde a antiguidade.  ,

A exploração sustentável é a chave para a pesquisa e desenvolvimento de novos fitoterápicos, uma vez que isso previne uma possível extinção dessas importantes espécies, como já ocorreu no passado. Hoje em dia, um dos maiores problemas ambientais que assola o Brasil é o desmatamento, já que compromete totalmente a vegetação nativa.

Segundo o artigo de revisão “A diversidade da flora brasileira no desenvolvimento de recursos de saúde”, publicado  na revista Uningá em junho de 2017, atualmente existem no Brasil iniciativas governamentais para o controle contra o desmatamento da Mata Amazônica e Atlântica. Porém, os outros biomas como Cerrado e Caatinga ainda não possuem nenhuma iniciativa, pois há uma grande atividade agrícola, pecuária e mineradora nesses biomas, o que dificulta a implementação de projetos de prospecção de fitoterápicos.

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Figura retirada do artigo, na qual mostra adaptação das espécies as condições ecológicas e o impacto dessa adaptação em sua fisiologia.

 

Há uma grande necessidade de preservação dos biomas específicos para que sejam mantidas as variabilidades genéticas e fitoquímicas da flora, uma vez que grande parte de princípios com ação fitoterápica dependem de mecanismos de adaptação ao estresse ocorrido em seus biomas naturais. O cultivo sob condições que não são comuns ao bioma natural pode levar a uma reversão da adaptação fisiológica e consequentemente a perda de sua característica fitoquímica.

Atualmente, a utilização de plantas medicinais com fins terapêuticos vem ganhando uma maior popularidade, principalmente por possuírem efeitos colaterais menores em relação aos efeitos dos medicamentos sintéticos. Porém, o mercado de fitoterápicos no Brasil ainda está em desenvolvimento e necessita de maiores investimentos, tais como políticas públicas que fortalecam o incentivo da utilização de plantas medicinais, assim como a implantação dessas plantas no SUS, em 2009.

De acordo com o artigo “The Brazilian market of herbal medicinal products and the impacts of the new legislation on traditional medicines", publicado no Journal of Ethnopharmacology em fevereiro de 2018, houve um significativo aumento no número de espécies de plantas medicinais licenciadas em produtos à base de plantas medicinais (PPM) desde 2008. Porém, apenas 38,6% dessas espécies licenciadas podem ser encontradas em solo brasileiro e 26,7% são nativas do Brasil, o que indica a necessidade de maiores investimentos e pesquisas na flora brasileira.

Atualmente existem 77 laboratórios farmacêuticos com licenciamento de PPM no Brasil, sendo que apenas um laboratório detém 10% desses licenciamentos no Brasil. O número de novos licenciamentos de PPM caiu de 2008 para 2016, que ocorreu por causa de mudanças nas normas para licenciamentos e ajustes em empresas, o que não significa que este mercado está diminuindo, mas sim, se adequando as novas normas.

O Brasil ainda está no inicio do processo de desenvolvimento quando comparado com o mercado internacional, mas as expectativas para o mercado internacional de PPM em 2020 são muito positivas, logo, está é uma boa oportunidade para investirmos neste mercado tão promissor visto que o Brasil possui um grande potencial.

João Pedro Braga
Membro do Centro Acadêmico de Bioquímica na UFV
joao.pvbraga07@gmail.com

 

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