Gestão de Laboratórios, Projetos e Inovações: O Bioquímico como Gerente de Projetos de Inovação na Wylinka

por | dez 10, 2014

A Ana Carolina Calçado é Bioquímica pela UFV (2002-2006) e Mestre em Ciência de Alimentos pela UFMG (2006-2008) e também é pós graduada em Gestão de Negócios pela Fundação Dom Cabral e pós graduada em Inovação no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Atualmente é Gerente de projetos de inovação na Wylink.
- (Bioquímica Brasil) Ana, você poderia nos contar um pouco mais sobre sua trajetória científica e profissional?
(Ana) Durante a graduação em bioquímica na Universidade Federal de Viçosa de 2002 a 2006 fiz a iniciação científica na área de bioquímica animal e, em seguida, atuei com pesquisa na área de bioquímica de alimentos no mestrado em Ciências de Alimentos na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais. Fiz também um curso de pós graduação em Gestão de Negócios na Fundação Dom Cabral e de Inovação no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Em 2008 comecei a atuar no Grupo Instituto Inovação, onde fui analista e posteriormente coordenadora de projetos. Em 2013 participei da fundação da Wylinka, organização que tem como missão o desenvolvimento de inovação e empreendedorismo em instituições de ensino e pesquisa, onde atualmente tenho o papel de gerente.
- Como você aplica os conhecimentos da Bioquímica como Gerente de projetos de inovação e como analista de inovação? Existem diferenças significativas entre o papel de gerente de projetos e o de analista?
Para a análise em projetos de inovação minha formação em bioquímica ajudou que eu compreendesse a fundo as tecnologias na área de ciências da vida. Minha experiência científica me proporcionou capacidade analítica e investigativa para entender tecnologias das mais diversas áreas, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento tecnológico necessário para levar uma pesquisa ao mercado. Como gerente, a atuação torna-se mais ligada a atividades de gestão, cuja capacidade foi desenvolvida com a prática e os estudos posteriores. Para a atuação em atividades de inovação considero muito importante a formação que mescla competências técnicas e de gestão, além da experiência científica.
 - Sabemos que você foi um dos membros fundadores da Tecnomol, empresa junior da Bioquímica-UFV, e foi diretora de projetos. Qual a importância da empresa júnior em sua decisão de atuar na área de gerenciamento de projetos e inovações?
Acredito que participei da fundação da Tecnomol e fui diretora de projetos porque já tinha a inquietação de trabalhar com gestão de projetos de tecnologia e com empreendedorismo. Claro que só consigo perceber isso agora, pois como disse Steve Jobs "você só consegue conectar os pontos olhando pra trás". A experiência de ter fundado a empresa júnior me fez perceber a possibilidade de atuar nestas áreas como um profissional em bioquímica. Ao longo da minha vida profissional em inovação encontrei várias pessoas que tiveram a experiência de atuar em empresas juniores e percebo que elas possuem a mesma inquietação. A atuação com empresa júnior foi um fator que também contribuiu pra que eu fosse selecionada para a oportunidade de estágio quando estava na universidade. E hoje considero um fator de destaque quando avalio a possibilidade de trazer um profissional para minha equipe.
- Quais são as principais dificuldades para um bioquímico construir sua carreira na área de inovação nos dias de hoje?
Primeiro considero importante que os estudantes de bioquímica tenham conhecimento desta oportunidade de carreira. Para construir a carreira na área de inovação é importante buscar conhecimento de mercado e na área de gestão em paralelo com o desenvolvimento na área técnica e científica, por meio de cursos, estágios e outros.
- Você pensa que alguma alteração na grade de disciplinas poderia favorecer a atuação do Bioquímico em inovações e gerenciamento de projetos?
Assim como já foi percebido que cursar disciplinas de empreendedorismo favorecem que estudantes pensem e se preparem para criar empresas, acredito que disciplinas ligadas a gestão e mercado (mesmo que optativas) poderiam ser interessantes para que os estudantes percebessem novos caminhos.
- Que habilidades não técnicas um bioquímico deve desenvolver para atuar nesta área?
Para a atuação na área de inovação considero importantes as habilidades de solução de problemas (análise e investigação), trabalho em equipe e comunicação, além do desenvolvimento em conhecimentos de gestão e mercado.
- Que conselho daria aos futuros Bioquímicos?
Steve Jobs deu bons conselhos em uma formatura de Stanford, esse texto sempre foi muito inspirador pra mim. A seguir compartilho algumas partes que gosto muito!“ (...) você não consegue conectar os fatos olhando para frente. Você só os conecta quando olha para trás. Então tem que acreditar que, de alguma forma, eles vão se conectar no futuro. Você tem que acreditar em alguma coisa – sua garra, destino, vida, karma ou o que quer que seja. Essa maneira de encarar a vida nunca me decepcionou e tem feito toda a diferença para mim. (...) Você tem que descobrir o que você ama. (...) Seu trabalho vai preencher uma parte grande da sua vida, e a única maneira de ficar realmente satisfeito é fazer o que você acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um excelente trabalho é amar o que você faz. (...) Se você ainda não encontrou o que é, continue procurando. Não sossegue. Assim como todos os assuntos do coração, você saberá quando encontrar. E, como em qualquer grande relacionamento, só fica melhor e melhor à medida que os anos passam. Então continue procurando até você achar. Não sossegue. O seu tempo é limitado, então não o gaste vivendo a vida de um outro alguém. Não fique preso pelos dogmas, que é viver com os resultados da vida de outras pessoas. Não deixe que o barulho da opinião dos outros cale a sua própria voz interior. E o mais importante: tenha coragem de seguir o seu próprio coração e a sua intuição. Eles de alguma maneira já sabem o que você realmente quer se tornar. Todo o resto é secundário. Continue com fome. Continue bobo. E eu sempre desejei isso para mim mesmo.”

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O movimento Bioquímica Brasil foi fundado em 2014 por egressos e estudantes dos cursos de Bioquímica.

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