A Bioquímica no desenvolvimento de tratamentos para o câncer

por | mar 17, 2019

O Câncer pode ser definido como um conjunto de mais de cem doenças que apresentam em comum o crescimento desordenado de células e a consequente capacidade de invasão a outros tecidos. Atualmente, é classificado como a segunda maior causa de mortes no mundo, com incidência estimada de 18 milhões de casos e 9,5 milhões de óbitos, o que corresponde a 52,8% dos casos.

Visto os pontos acima, é de extrema importância que sejam encontradas formas de prevenção e tratamento desse grupo de doenças e a Bioquímica, enquanto ciência e tecnologia, atua avidamente nesse sentido.

Apesar de cada neoplasia apresentar perfil celular único, existem características que se repetem, o que permite o agrupamento delas e indica a possibilidade de tratamento.

 Podemos citar o impedimento da transcrição celular proporcionada pelo medicamento temozolomida, medicamento de primeira escolha contra os gliomas, neoplasias que acometem o sistema nervoso central. O temozolomida é um agente alquilante de DNA, dessa forma, após adicionar o radical metil, ele impede a transcrição celular e consequentemente impede a sobrevivência e reprodução celular.

Outra característica bioquímica que se repete em neoplasias é a superexpressão de receptores de membrana proteicos responsáveis pela que ativação de vias metabólicas importantes para o crescimento reprodução da célula cancerígenena.  Um receptor de membrana conhecido é o HER2 presente em células neoplásicas gástricas e epidermais de mama. Para esse tipo de neoplasia, pode-se se usar a técnica de vacinologia reversa, com o desenvolvimento de uma molécula reconhecedora dessa proteína (um peptídeo, por exemplo) que, quando em contato com a mesma, é internalizado para a célula e desencadeia sua morte.

Também existem as neoplasias que estão correlacionadas com o mecanismo de reparo do DNA. Através da superexpressão de proteínas relacionadas a esse mecanismo, as células cancerígenas se tornam mais resistentes a morte celular programada (apoptose). Um gene conhecido por ativar esse mecanismo é o BRCA1 que também está presente no câncer de mama. Através da bioquímica, é possível se conhecer a estrutura da proteína codificada por este gene e então, desenvolver fármacos que atuem interagindo e inibindo sua ação de reparo, o que impede o reparo da célula e, consequentemente, favorece a eliminação da mesma.

Portanto, a bioquímica é uma ótima ferramenta para o estudo do câncer e também para o desenvolvimento de novas terapias, uma vez que permite a compreensão dos fenômenos biológicos a nível molecular e estratégias de interferência e manipulação no sentido da cura.

Link: https://www.curetoday.com/publications/cure/2016/gastrointestinal-2016/medical-illustration-targeting-her2-in-gastric-cancer

Referências

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SLAMON, D. J. LEINARD-JONES, B. SHAK, S. FUCHS, H. Use of Chemotherapy plus a Monoclonal Antibody against HER2 for Metastatic Breast Cancer That Overexpresses HER2. New England Journal of Medicine, v. 344, p. 783-792, 2001. Link: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM200103153441101

GLOBOCAN, International Agency for Research on Cancer, 2018, Disponível em: <http://gco.iarc.fr/>, Acesso em: 24 Set. 2018.

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MINISTÉRIO DA SAÚDE, I. N. C. A. Instituto Nacional do Cancer, Disponível em: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/cancer/site/oquee>, Acesso em 21 Jul. 2018.

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Autor: Lucas Santos Azevedo

Formação: Bioquímico formado pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e atualmente  Mestrando em Biotecnologia na mesma universidade.

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