O Bioquímico na industria: assessoria e consultoria técnica para industria de alimentos

por | ago 2, 2020

Natalie Colodette é Bioquímica pela UFSJ, com mestrado pela UFRJ (farmacologia e química medicinal) e MBA pela FGV (Gestão empresarial) : https://www.linkedin.com/in/natalie-colodette/

 

Como você decidiu ingressar no curso? Você já sabia que o bacharel em bioquímica era um profissional da química com várias áreas de atuação e que você teria que estudar muita química?

Quando chegou a época de escolher um curso de graduação, eu descobri que eu me interessava muito por “coisas” de laboratório ao visitar um laboratório de pesquisa na UFV. Portanto, eu deveria buscar algo que me possibilitasse trabalhar com isso. Eu sabia também quais eram minhas matérias preferidas na escola: Biologia e Química. Juntando essas duas informações participei de uma mostra de profissões na UFV, e quando fui ao stand da Bioquímica me encantei com o curso e com todas as possibilidades que ele oferecia. Não sabia que a profissão fazia parte do Conselho Regional de Química, porém sabia sim que iria estudar muita química (inclusive foi uma das coisas que me levou a fazer curso).

Nos conte como foi sua trajetória acadêmica. O que mais fez os seus olhos brilharem, quais as dificuldades ao longo da graduação?

Desde o primeiro momento sempre corri atrás de iniciações científicas, pois eu queria estar em contato com o laboratório e com a pesquisa. A cada período do curso eu me encantava mais com o conteúdo e com as coisas que eu estava aprendendo, sempre buscando dividir meu tempo com a iniciação científica. Durante a graduação tive a oportunidade de ir para o Ciência sem Fronteiras, onde tive a oportunidade de fazer um estágio em uma empresa do ramo do agronegócio que influenciou muito minhas escolhas profissionais. Não posso dizer que tive dificuldades ao longo da graduação, e acredito que o fato de o curso trazer tantas possibilidades de trabalho é uma das coisas que mais fizeram meus olhos brilhar.

Nos conte agora a sua trajetória profissional até aqui?

Minha carreira profissional se iniciou com estágio feito em uma indústria do ramo do agronegócio no Reino Unido (durante o Ciência sem Fronteiras), lá tive o primeiro contato com o que era trabalhar no mundo corporativo. Voltando do Ciência sem Fronteiras eu terminei a graduação e dei início a minha busca por emprego. Como acreditava que poderia ser importante, eu decidi fazer um mestrado na área de Química Medicinal com ênfase em Modelagem Molecular que durou dois anos. Após este período resolvi não dar continuidade a carreira acadêmica e parti para a distribuição de currículos (confesso que foi um período um tanto difícil para mim), até que um dia recebi o convite para trabalhar como Consultora Técnica a serviço da 3M divisão Food Safety, onde estou até o momento atual.

Você poderia fazer uma breve descrição da sua rotina (dia-a-dia) de trabalho? No que difere o ambiente de trabalho nesta área do ambiente de trabalho acadêmico (universitário)?

No meu dia-a-dia eu lido com demandas técnicas de clientes (indústria de alimentos) que utilizam os produtos da 3M Food Safety. Faço viagens rotineiras a diversas cidades de Minas Gerais para atender a essas demandas (treinamentos, implementação, dúvidas técnicas), além de trabalhar na identificação de novas oportunidades e geração de leads comerciais. Acredito que essa linha de trabalho difere muito do trabalho acadêmico, pois exige que eu faça viagens (não fico em um lugar fixo), não tenho mais contato com a “bancada”, apesar de existir uma necessidade de conhecimento técnico amplo sobre os produtos e sua utilização. O mundo corporativo exige que as coisas sejam feitas de forma mais rápida pensando em retorno financeiro, não há muito espaço para testes ou erros, o que muitas vezes não acontece para o mundo acadêmico em que existe mais espaço para testes de hipóteses mais longos e o retorno financeiro da solução acaba por não ser o mais importante inicialmente.

Como você aplica os conhecimentos adquiridos no curso no seu dia a dia de trabalho?

Acredito que sem os conhecimentos adquiridos nos anos graduação não seria possível trabalhar com o que trabalho hoje. Apesar da necessidade de aprender muita coisa nova, por se tratar de um ramo em que eu não tinha muita experiência (microbiologia de alimentos), sem a base que a Bioquímica me deu, teria sido bem mais difícil.

No que difere o seu atual cargo como um CLT (ou concursado) de um bolsista academico em termos de responsabilidades, atribuições, direitos e deveres?

O regime CLT difere muito de uma situação de bolsa acadêmica. Primeiramente pelo fato de receber todos os direitos trabalhistas e tudo estar regulamentado, além disso o horário de trabalho de bem regulado, não existe trabalho fora do horário ou aos finais de semana. Sinto que sob o regime de CLT temos mais exigências, pois não respondemos mais a um projeto de pesquisa e sim a uma empresa, e se essa empresa for multinacional, as responsabilidades triplicam. A preocupação em manter o ritmo de trabalho e ser sempre melhor é maior, pois no caso do CLT, a perda do emprego é uma preocupação eminente e a busca por uma posição de melhor salário também.

Como surgiu esta oportunidade de emprego para você? Quais as dificuldades que você sentiu na busca por emprego? Você contou com ajuda de amigos, familiares, recrutadores?

A oportunidade surgiu por conta de networking. Um amigo sabia que estava procurando emprego e me indicou para a vaga que acabou dando certo. Passei por diversas dificuldades durante a procura de emprego, as duas maiores foram que para muitas vagas para as quais eu me candidatei eu tinha especificações demais (mestrado, estágios...) e na grande maioria das vezes me faltava a experiência profissional que a vaga pedia. A ajuda de pessoas que trabalham na área de atuação ou que são especialistas em RH foi essencial para entender o que o mercado estava procurando.

Que características técnicas (disciplinas) e humanísticas você acha que o bioquímico deve desenvolver para trabalhar nessa área?

Eu vejo que hoje muito mais que conhecimento técnico, é extremamente importante ter habilidades comportamentais, ou seja, saber trabalhar com pessoas (em equipe), ser proativo, autoconhecimento, vontade de aprender e buscar conhecimento e principalmente saber se reinventar, pois o mundo está em constante mudança. O conhecimento técnico deve servir como uma base, mas se a pessoa não for capaz de aprender coisas novas para se diferenciar, acho muito difícil a adaptação ao mundo corporativo.

Percebe vantagens e/ou desvantagens de se ter a formação superior em Bioquímica para esta atuação profissional?

Por termos conhecimentos em diversas áreas da química e da biologia, acredito que temos a vantagem de poder navegar em duas grandes áreas sabendo conectá-las a ponto de ter uma base muito sólida o que ajuda muito, mas acredito que para qualquer área de atuação o mais importante e ter a capacidade e a vontade de sempre aprender e adquirir novos conhecimentos. Um ponto de melhora seria que os cursos de Bioquímica poderiam ter mais incentivos para que os alunos adquirissem experiência profissional (disciplinas ou estágios, por exemplo) e saíssem mais preparados para o mercado de trabalho.

 

Com base na sua experiência, que conselhos você daria ao atual aluno de bioquímica?

O primeiro conselho que eu daria para os egressos e fazer “muuuuuuito” networking e começar a fazer isso no período da graduação, conversar e conhecer profissionais da área em que deseja atuar (e de outras também), e manter esses contatos sempre ativos. Se o aluno deseja trabalhar na indústria, deve buscar se preparar para isso, não focar tanto nas experiências acadêmicas e sim em experiências profissionais (estágios, empresa júnior...). E por fim, a dica mais importante na minha opinião e estudar sobre o mundo corporativo, entender como ele funciona, e quais são os termos mais usados, entender quais são os conhecimentos e as habilidades que são necessárias, principalmente as chamas “soft skills”, e desenvolvê-las. Elas serão um grande diferencial.

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Bioquímica Brasil

O movimento Bioquímica Brasil foi fundado em 2014 por egressos e estudantes dos cursos de Bioquímica.

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