Só peixe morto vai a favor da correnteza
Vinícius Catão fez um apelo aos estudantes em uma palestra que eu assisti no primeiro período: passe pela Universidade, mas deixe a Universidade passar por você. Num primeiro momento isso me soou como um conselho motivacional piegas, mas hoje - seis períodos depois - eu posso dizer que foi um dos melhores que eu ouvi até então.
Nós entramos na Universidade fissurados com a oportunidade de agregar novos conhecimentos acadêmicos, técnicos e científicos à nossa memória de longo prazo. E muitas vezes nos contentamos em sentar durante algumas horas nas cadeiras desconfortáveis dos pavilhões de aula e depois estudar para uma prova como se nossas vidas dependessem disso. Mas, como tudo nessa vida, a Universidade tem muito mais a oferecer do que um conjunto de disciplinas a serem cursadas e um diploma arduamente conquistado no final da jornada.
Uma pesquisa rápida é capaz de te mostras dezenas de projetos extracurriculares que acontecem todos os dias bem debaixo do seu nariz. Alguns de cunho acadêmico, muitos não, mas todos eles com a mesma capacidade de desenvolver habilidades e competências nas pessoas que se envolvem e se dedicam às atividades propostas. E todos com a capacidade de impactar a vida de quem tira um tempo para prestigiar o trabalho desenvolvido por eles.
Eu falo por mim e por quem mais vestir a carapuça que participar de uma coisa maior que você, desenvolver algo que possa contribuir pra vida de outras pessoas e desenvolver habilidades técnicas e humanísticas – tão visadas no mercado de trabalho moderno – é um privilégio que a graduação podia me proporcionar e, aos trancos e barrancos, colher os frutos desses projetos é uma satisfação imensa (maior até do que ver uma nota azul no sapiens). Escolher projetos que agreguem valor e promovam meu crescimento enquanto pessoa e futura profissional foi uma das melhores coisas que eu decidi fazer por mim nesses três anos de curso.
Saiba identificar as oportunidades que se encaixam melhor com o seu perfil – ninguém melhor do que você sabe o que você quer fazer, se desafie a cada dia e cada dia mais. Não se contente em seguir a corrente e ver até onde ela vai te levar, movimente-se, pense fora da tríade: estudar, avaliar e passar. Porque a vida lá fora é mais do que isso, é mais que um monte de números num sistema, é mais do que conhecimento técnico puro e com certeza é muito mais do que as disciplinas cursadas podem prever.
Passe pela universidade – curse as disciplinas, escreva projetos e artigos, cumpra 20 horas semanais de estágio – mas deixe que a universidade passe por você. Deixe que as experiências vividas te transformem. Vislumbre as oportunidades que ela tem a oferecer e aproveite-as da melhor forma possível. Trace metas, faça planos. Aceite os riscos. Porque toda grade curricular foi feita pra te transformar num profissional da sua área, mas são as experiências, os laços e as memórias construídas nesse meio tempo que fazem de você a sua melhor versão. Que fazem de você humano.
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