I Concurso de Ideias para criação de Negócios Inovadores
Hoje temos a oportunidade de conversar com o Bruno Paes de Melo, membro da equipe de bioquímicos que participou do I Concurso de Ideias para criação de Negócios Inovadores, conquistando o 2º lugar.
- (Bioquímica Brasil) Quem são os membros da equipe?
(Bruno Paes de Melo) Os membros são todos alunos do Bacharelado em Bioquímica da UFV, todos nós do ano de 2011. A Ana Luisa Oliveira, o Arthur Ferreira dos Santos Delgado, Thaís Cristtina Neves Martins e eu.
- Como surgiu a ideia inovadora do agente floculante a base de moringa?
Em uma de nossas disciplinas, Bioquímica de Proteínas, o professor propôs que criássemos um projeto de pesquisa que pudesse gerar um produto em inovação tecnológica. Eu, alguns meses antes, havia assistido a um seminário sobre flavonóides dessa planta e, na revisão de literatura, o seminarista citou que a planta era rica em proteínas anfipáticas e que suas propriedades floculantes eram bem descritas na etnobotânica, principalmente nordestina. Assim, eu resolvi buscar na literatura as descrições e vi que realmente a planta exibia esse potencial. Busquei nos bancos de patente nacional e internacional sobre agentes floculantes a base de proteínas e percebi que não existem produtos dessa natureza - esse inclusive era um dos requisitos para sermos aprovados no concurso. Então propusemos um modelo de extração dessas proteínas e uma formulação bruta e purificada, não infringindo algumas patentes americanas e australianas sobre o método de extração em larga escala.
- Como esse concurso funciona?
Os prêmios oferecidos pela coordenadoria do concurso visam estimular a criação de uma empresa de base tecnológica no parque do CENTEV. Dessa forma, os vencedores irão ganhar isenção de taxas para a participação em eventos de treinamento/qualificação para negócios, isenção de taxas no edital de pré-incubação, consultoria gratuita em modelagem de negócios e um prêmio em dinheiro no valor de R$ 2.000,00.
- Você poderia comentar mais sobre o papel de Incubadora (CENTEV) e Parque Tecnológico no desenvolvimento do empreendedorismo de base biotecnológica e na formação do bioquímico também?
Comentando um pouco sobre o papel do CENTEV no empreendedorismo e na formação do bioquímico, creio que este seja um grande passo para quem deseja atingir as posições de pico em empresas. O CENTEV abre a oportunidade de um projeto se tornar realidade. Lá eles contam com uma equipe extremamente treinada para oferecer apoio em ramos que os bioquímicos não dominam, como as políticas de negócio, a parte legislativa e a modelagem para adequação ao mercado. Explicando melhor, eles aconselham os idealizadores quanto ao tipo de empresa que se deve montar, como será o produto para que ele atinja o mercado com facilidade, preço, marca, etc. Tudo isso é um grande aprendizado que é complementado pela experiência de ter uma empresa de base tecnológica incubada.
- Na sua opinião, o quão importante é os Bioquímicos participarem de concursos como o I Concurso de Ideias para a criação de Negócios Inovadores?
Acho que é fundamental a participação dos bioquímicos no concurso. Ao chegarmos com ideias inovadoras em concursos como esses conseguimos provar que nossa qualificação profissional nos permite chegar longe no que tange a indústria química e biotecnológica, oferecendo soluções para problemas ou melhorias em processos que são amplamente utilizados, mas nem sempre são os mais adequados. No nosso caso, especificamente, os sais de alumínio são largamente utilizados na floculação. Entretanto, eles(sais de alumínio)podem estar relacionados às doenças neurodegenerativas. Por isso, propusemos uma solução ou melhoria em um processo clássico que vigora no tratamento da água. Tudo isso baseado nos conhecimentos que obtivemos por meio das disciplinas que suportam a nossa formação.
- Além de concursos como este, existem várias aproximações entre universidades e empresas/indústrias sendo feitas com o propósito de tornar o país mais inovador. O que vocês acham de programas como Inova Talentos, da IEL e RHAE-fixação de mestres e doutores em empresas, do CNPQ?
Sinceramente, não conheço nenhum desses programas. Entretanto, é uma pergunta fácil de responder de modo geral. Acho que é fundamental ao Brasil incentivar, financiar e divulgar (de modo colossal) programas que lancem profissionais de alto gabarito acadêmico na indústria. Todos sabemos que nos Estados Unidos, que é referência de desenvolvimento tecnológico-industrial, a maior parte de mestres e doutores são absorvidos pela indústria. E o que temos que nos perguntar e responder é "Por que?".
Compartilhe este artigo:
[ssba-buttons]
0 comentários